Dinamarca 2 Portugal 1 - ...mas eles não acordaram
Ontem, a Selecção Portuguesa de Futebol foi derrotada, em Copenhaga, pela sua congénere dinamarquesa, por dois golos contra um. Deste modo, a Dinamarca ficou em primeiro lugar no grupo, apurando-se, por isso, para a fase final do Europeu de 2012, a realizar-se na Polónia e na Ucrânia, enquanto Portugal terá de disputar o play-off no próximo mês, com a Bósnia-Herzegovina, para se qualificar.
Não vou mentir, não foi dourar a pílula, foi um jogo horrível, agonizante do princípio ao fim, absolutamente inesperado. Devo ter perdido uns vinte anos de vida naqueles noventa minutos.
Logo de início se notou que a coisa não ia correr bem. Os Marmanjos mal conseguiam manter a bola nos pés. O golo anulado à Dinamarca, logo aos três ou quatro minutos, devia ter sevido de wake-up call - porque, pelo que se via, o jogo contra a Islândia não tinha servido, apesar da minha última entrada - mas não serviu. Os jogadores estavam irritantemente lentos e apáticos. O golo da Dinamarca aos doze minutos não constituiu, portanto, surpresa.
Depois deste golo, os dinamarqueses abrandaram um pouco, os portugueses apareceram um pouco mais, tivera, algumas oportunidades, mas continuava a não ser suficiente. E eu ficava cada vez mais aflita.
A minha sorte foi o facto de estar a assistir ao jogo sozinha. Podia praguejar em voz alta sem que me mandassem calar. Outra coisa que ajudou imenso foi não ter a minha mãe resmungando coisas como:
- Que vergonha!
Também ia desabafando através do Twitter (podem ver AQUI).
Ao intervalo, desejei que eles regressassem aos relvados com outra atitude, com mais garra, mais energia, mais alma. Mais uma vez, não tive sorte. Aliás, estive perto de sofrer um ataque cardíaco (pela quinquagésima vez desde o início do jogo, diga-se de passagem...) quando o João Pereira passou a bola a Krohn-Dehli mesmo à frente da baliza...
Entretanto, os comentadores iam falando, ocasionalmente, acerca do jogo da Suécia e da Holanda. Parecia que Deus Nosso Senhor tinha tirado a noite para gozar com a nossa cara pois este desafio teve não sei quantas reviravoltas. Ora a Suécia estava a ganhar, ora estava a perder. Não havia dúvida que me queriam matar naquela noite... Lenta e dolorosamente.
Com o segundo golo da Dinamarca, desliguei-me do jogo, se bem que não completamente. Já pensava: "Que se lixe! Não é assim tão mau irmos ao play-off". Só desejava que marcássemos pelo menos um golo para não sairmos de lá completamente humilhados e, vá lá, ver se a equipa se motivava e começava a jogar como deve ser.
Esse golo surgiu mas demasiado tarde para relançar a Turma das Quinas. O golo de Cristiano Ronaldo foi, de resto, o único momento bom do jogo. Foi um golpe de génio, aquele golo que há muito desejávamos que ele marcasse pela Selecção (de livre directo, com a bola a entrar directamente na baliza) mas, de preferência, noutras circunstâncias.
Com este resultado e como a Suécia acabou por ganhar à Holanda, sagrando-se a melhor Selecção classificada em segundo lugar e, por isso, garantindo o apuramento directo, teremos de disputar o play-off de acesso ao Europeu. Para ser sincera, estou um pouco aliviada por não termos sido os melhores segundos lugares. Não queria que a campanha pelo acesso ao Euro 2012 terminasse com um jogo como o de Terça-feira.
Além de que, ao menos, assim termos mais dois jogos oficiais da Selecção, o que é sempre bom. E talvez vá assistir à segunda mão do play-off, que será disputada em Lisboa, embora ainda não hajam certezas em relação ao estádio.
Em suma, foi um dos piores jogos dos últimos tempos. E ainda não percebo como é que isso aconteceu, porque é que isso aconteceu. Como é que fomos estragar aquilo que, desde há um ano a esta parte, estava a ser uma campanha brilhante? O que aconteceu ao vamos-jogar-para-ganhar, ao não-se-planeiam-empates-ou-derrotas?
Há quem diga que nos descontraímos demais. Como passámos do oito ao oitenta muito depressa, começámos a baixar as defesas. Tenho de admitir que eu própria alinhei nisso. Como há um ano que a Selecção não dava razões de queixa, comecei rapidamente a sonhar alto. Nunca me tinha passado pela cabeça que íamos tropeçar agora.
A verdade é que nem os mais cépticos duvidavam que íamos sair de Copenhaga apurados, de uma forma ou de outra.
Há quem diga que se tratou apenas de uma má noite. Alguns dos titulares habituais estavam ausentes, alguns dos presentes não estavam na melhor forma. O Ronaldo, por exemplo, tinha dores mas fez questão de vestir a camisola das Quinas. Às tantas, mais valia ter ficado de fora...
Talvez. A única coisa que sei é que prefiro que não nos cruzemos de novo com a Dinamarca num futuro próximo. Com a óbvia excepção do jogo do ano passado, a coisa costuma correr mal no que toca a nós...
Como já tinha previsto, com esta derrota, todos caíram em cima de Paulo Bento, como pombos sobre migalhas de pão. Não constitui surpresa. Mas entre todas as declarações relacionadas com a situação da Equipa de Todos Nós, sobressai a de um indivíduo em particular, um caso engraçado. Há coisa de um ano e meio eu respeitava-o, admirava-o, defendia-o no meu blogue. Há um ano, depois de ele cair em desgraça, criticava-o mas achava-o alvo de uma injustiça, sentia-me grata pelas coisas boas que ele fizera e ligeiramente culpada por ter voltado a minha lealdade para outra pessoa. Depois disso, a cada declaração que ele fazia, ia-se enterrando cada vez mais na minha consideração. E agora, depois de ontem ter dito que, com ele, "a nossa qualificação teria sido absolutamente natural, normal, consistente e estaríamos agora na fase final", aquilo que sinto por Carlos Queiroz já roça o ódio.
como aquela canção dos Kaiser Chiefs, chamada "Everyday I Love You Less and Less". (AQUI). Pelo menos uma parte da música exprime de forma excelente o que sinto: "You're turning into something I detest/And everebody says that you're a mess/Since everyday I love you less and less" (Estás a transformar-te em algo que detesto/E todos dizem que estás uma desgraça/Desde que a cada dia te amo menos e menos).
Há que ter em atenção que os meios de Comunicação Social têm citado esta frase fora do contexto, de modo a criar mais polémica. O que Queiroz queria dizer é que a qualificação teria sido bem menos atribulada se não fosse toda aquela confusão gerada no ano passado, no rescaldo do Mundial 2010. Ele talvez tenha razão. Fossem outras as circustâncias, talvez tivéssemos amealhado mais do que apenas um ponto nessa primeira jornada dupla e, sim, talvez agora estivéssemos qualificados. Mas é um grande talvez. E, de qualquer forma, nesta altura do campeonato, a última coisa de que a Selecção precisa é de ser desestabilizada por polémicas, muito menos iniciadas por um antigo Seleccionador.
O que mais me irrita é o seguinte: como já disse, houve uma altura em que me sentia culpada por dar graças pela chegada de Paulo Bento quando Carlos Queiroz tinha sido afastado da Selecção de uma forma manhosa e injusta. Mas ele, por sua vez, não parece sentir culpa de nada, não estar arrependido de nada. Parece achar que nunca fez nada de mal. Aproveita todos os microfones ligados num raio de um quilómetro para se fazer de vítima e atacar tudo o que se mexe, sem se preocupar com as repercussões que isso tem na Equipa das Quinas.
Não parece compreender que, quanto mais faz isto, menos nos comove, menos respeito sentimos por ele, levando a um ponto em que achamos que ele até mereceu o destino que teve. Apesar de, neste caso, até ter alguma razão, apesar de alguns de nós até concordarem quando ele diz que existe corrupção no seio da FPF. O caso que levou ao seu despedimento foi apenas um exemplo.
Não vale a pena chorarmos mais sobre o leite derramado, sobre o apuramento directo falhado. Agora temos é de voltar as nossas atenções para o play-off, que se realiza daqui a um mês. Soube-se hoje que será com a Bósnia-Herzegovina que vamos disputar o lugar no Europeu, à semelhança do que aconteceu há dois anos, com o apuramento para o Mundial 2010. Muitos ficaram apreensivos, pois estes estiveram perto de vencer a França mas, na minha opinião, há a vantagem de ser uma equipa que conhecemos melhor do que, por exemplo, o Montenegro. Todos acham que Portugal tem capacidade para ultrapassar este obstáculo inesperado, que consegue melhor do que conseguiu na Terça-feira... ou, pelo menos, se não conseguir, mais vale vermos o Euro 2012 pela televisão.
Eu fiquem zangada com esta derrota mas já o ultrapassei e agora estou ansiosa pelos jogos de daqui a um mês. Faço parte dos que acreditam, não, que sabem que a Selecção é muito melhor do que deu a entender frente à Dinamarca. Digam o que disserem, o que aconteceu na Terça-feira não muda o facto de Paulo Bento ter reconstruído uma equipa aos bocados e nos ter dado aquilo pelo qual, há um ano, estaríamos profundamente gratos: chegar aos play-offs. Esta derrota foi uma fuga ao guião, um desvio ao plano que tínhamos delineado, mas ainda vamos a tempo de corrigir as coisas. Ainda vamos a tempo de anular os efeitos do caso Queiroz, de consumar o renascimento da Selecção, de marcar presença no Euro 2012. E acredito que vamos fazê-lo. De uma maneira ou de outra.
Não vou mentir, não foi dourar a pílula, foi um jogo horrível, agonizante do princípio ao fim, absolutamente inesperado. Devo ter perdido uns vinte anos de vida naqueles noventa minutos.
Logo de início se notou que a coisa não ia correr bem. Os Marmanjos mal conseguiam manter a bola nos pés. O golo anulado à Dinamarca, logo aos três ou quatro minutos, devia ter sevido de wake-up call - porque, pelo que se via, o jogo contra a Islândia não tinha servido, apesar da minha última entrada - mas não serviu. Os jogadores estavam irritantemente lentos e apáticos. O golo da Dinamarca aos doze minutos não constituiu, portanto, surpresa.
Depois deste golo, os dinamarqueses abrandaram um pouco, os portugueses apareceram um pouco mais, tivera, algumas oportunidades, mas continuava a não ser suficiente. E eu ficava cada vez mais aflita.
A minha sorte foi o facto de estar a assistir ao jogo sozinha. Podia praguejar em voz alta sem que me mandassem calar. Outra coisa que ajudou imenso foi não ter a minha mãe resmungando coisas como:
- Que vergonha!
Também ia desabafando através do Twitter (podem ver AQUI).
Ao intervalo, desejei que eles regressassem aos relvados com outra atitude, com mais garra, mais energia, mais alma. Mais uma vez, não tive sorte. Aliás, estive perto de sofrer um ataque cardíaco (pela quinquagésima vez desde o início do jogo, diga-se de passagem...) quando o João Pereira passou a bola a Krohn-Dehli mesmo à frente da baliza...
Entretanto, os comentadores iam falando, ocasionalmente, acerca do jogo da Suécia e da Holanda. Parecia que Deus Nosso Senhor tinha tirado a noite para gozar com a nossa cara pois este desafio teve não sei quantas reviravoltas. Ora a Suécia estava a ganhar, ora estava a perder. Não havia dúvida que me queriam matar naquela noite... Lenta e dolorosamente.
Com o segundo golo da Dinamarca, desliguei-me do jogo, se bem que não completamente. Já pensava: "Que se lixe! Não é assim tão mau irmos ao play-off". Só desejava que marcássemos pelo menos um golo para não sairmos de lá completamente humilhados e, vá lá, ver se a equipa se motivava e começava a jogar como deve ser.
Esse golo surgiu mas demasiado tarde para relançar a Turma das Quinas. O golo de Cristiano Ronaldo foi, de resto, o único momento bom do jogo. Foi um golpe de génio, aquele golo que há muito desejávamos que ele marcasse pela Selecção (de livre directo, com a bola a entrar directamente na baliza) mas, de preferência, noutras circunstâncias.
Com este resultado e como a Suécia acabou por ganhar à Holanda, sagrando-se a melhor Selecção classificada em segundo lugar e, por isso, garantindo o apuramento directo, teremos de disputar o play-off de acesso ao Europeu. Para ser sincera, estou um pouco aliviada por não termos sido os melhores segundos lugares. Não queria que a campanha pelo acesso ao Euro 2012 terminasse com um jogo como o de Terça-feira.
Além de que, ao menos, assim termos mais dois jogos oficiais da Selecção, o que é sempre bom. E talvez vá assistir à segunda mão do play-off, que será disputada em Lisboa, embora ainda não hajam certezas em relação ao estádio.
Em suma, foi um dos piores jogos dos últimos tempos. E ainda não percebo como é que isso aconteceu, porque é que isso aconteceu. Como é que fomos estragar aquilo que, desde há um ano a esta parte, estava a ser uma campanha brilhante? O que aconteceu ao vamos-jogar-para-ganhar, ao não-se-planeiam-empates-ou-derrotas?
Há quem diga que nos descontraímos demais. Como passámos do oito ao oitenta muito depressa, começámos a baixar as defesas. Tenho de admitir que eu própria alinhei nisso. Como há um ano que a Selecção não dava razões de queixa, comecei rapidamente a sonhar alto. Nunca me tinha passado pela cabeça que íamos tropeçar agora.
A verdade é que nem os mais cépticos duvidavam que íamos sair de Copenhaga apurados, de uma forma ou de outra.
Há quem diga que se tratou apenas de uma má noite. Alguns dos titulares habituais estavam ausentes, alguns dos presentes não estavam na melhor forma. O Ronaldo, por exemplo, tinha dores mas fez questão de vestir a camisola das Quinas. Às tantas, mais valia ter ficado de fora...
Talvez. A única coisa que sei é que prefiro que não nos cruzemos de novo com a Dinamarca num futuro próximo. Com a óbvia excepção do jogo do ano passado, a coisa costuma correr mal no que toca a nós...
Como já tinha previsto, com esta derrota, todos caíram em cima de Paulo Bento, como pombos sobre migalhas de pão. Não constitui surpresa. Mas entre todas as declarações relacionadas com a situação da Equipa de Todos Nós, sobressai a de um indivíduo em particular, um caso engraçado. Há coisa de um ano e meio eu respeitava-o, admirava-o, defendia-o no meu blogue. Há um ano, depois de ele cair em desgraça, criticava-o mas achava-o alvo de uma injustiça, sentia-me grata pelas coisas boas que ele fizera e ligeiramente culpada por ter voltado a minha lealdade para outra pessoa. Depois disso, a cada declaração que ele fazia, ia-se enterrando cada vez mais na minha consideração. E agora, depois de ontem ter dito que, com ele, "a nossa qualificação teria sido absolutamente natural, normal, consistente e estaríamos agora na fase final", aquilo que sinto por Carlos Queiroz já roça o ódio.
como aquela canção dos Kaiser Chiefs, chamada "Everyday I Love You Less and Less". (AQUI). Pelo menos uma parte da música exprime de forma excelente o que sinto: "You're turning into something I detest/And everebody says that you're a mess/Since everyday I love you less and less" (Estás a transformar-te em algo que detesto/E todos dizem que estás uma desgraça/Desde que a cada dia te amo menos e menos).
Há que ter em atenção que os meios de Comunicação Social têm citado esta frase fora do contexto, de modo a criar mais polémica. O que Queiroz queria dizer é que a qualificação teria sido bem menos atribulada se não fosse toda aquela confusão gerada no ano passado, no rescaldo do Mundial 2010. Ele talvez tenha razão. Fossem outras as circustâncias, talvez tivéssemos amealhado mais do que apenas um ponto nessa primeira jornada dupla e, sim, talvez agora estivéssemos qualificados. Mas é um grande talvez. E, de qualquer forma, nesta altura do campeonato, a última coisa de que a Selecção precisa é de ser desestabilizada por polémicas, muito menos iniciadas por um antigo Seleccionador.
O que mais me irrita é o seguinte: como já disse, houve uma altura em que me sentia culpada por dar graças pela chegada de Paulo Bento quando Carlos Queiroz tinha sido afastado da Selecção de uma forma manhosa e injusta. Mas ele, por sua vez, não parece sentir culpa de nada, não estar arrependido de nada. Parece achar que nunca fez nada de mal. Aproveita todos os microfones ligados num raio de um quilómetro para se fazer de vítima e atacar tudo o que se mexe, sem se preocupar com as repercussões que isso tem na Equipa das Quinas.
Não parece compreender que, quanto mais faz isto, menos nos comove, menos respeito sentimos por ele, levando a um ponto em que achamos que ele até mereceu o destino que teve. Apesar de, neste caso, até ter alguma razão, apesar de alguns de nós até concordarem quando ele diz que existe corrupção no seio da FPF. O caso que levou ao seu despedimento foi apenas um exemplo.
Não vale a pena chorarmos mais sobre o leite derramado, sobre o apuramento directo falhado. Agora temos é de voltar as nossas atenções para o play-off, que se realiza daqui a um mês. Soube-se hoje que será com a Bósnia-Herzegovina que vamos disputar o lugar no Europeu, à semelhança do que aconteceu há dois anos, com o apuramento para o Mundial 2010. Muitos ficaram apreensivos, pois estes estiveram perto de vencer a França mas, na minha opinião, há a vantagem de ser uma equipa que conhecemos melhor do que, por exemplo, o Montenegro. Todos acham que Portugal tem capacidade para ultrapassar este obstáculo inesperado, que consegue melhor do que conseguiu na Terça-feira... ou, pelo menos, se não conseguir, mais vale vermos o Euro 2012 pela televisão.
Eu fiquem zangada com esta derrota mas já o ultrapassei e agora estou ansiosa pelos jogos de daqui a um mês. Faço parte dos que acreditam, não, que sabem que a Selecção é muito melhor do que deu a entender frente à Dinamarca. Digam o que disserem, o que aconteceu na Terça-feira não muda o facto de Paulo Bento ter reconstruído uma equipa aos bocados e nos ter dado aquilo pelo qual, há um ano, estaríamos profundamente gratos: chegar aos play-offs. Esta derrota foi uma fuga ao guião, um desvio ao plano que tínhamos delineado, mas ainda vamos a tempo de corrigir as coisas. Ainda vamos a tempo de anular os efeitos do caso Queiroz, de consumar o renascimento da Selecção, de marcar presença no Euro 2012. E acredito que vamos fazê-lo. De uma maneira ou de outra.