Em vésperas do início da qualificação... e a novela continua
Domingo à noite, no sítio da Federação, foram divulgados os Convocados para a jornada dupla inaugural da Qualificação para o Campeonato Europeu de 2012, a realizar na Polónia e na Ucrânia.
Devo dizer, "Polónia e Ucrânia" não tem a mesma sonoridade que "África do Sul" tem. Nem de longe, nem de perto. Sem ofensa para eventuais polacos e ucranianos que lerem isto.
Visto que na Quarta-feira vou passar férias no estrangeiro, não terei oportunidade de ver o primeiro jogo da jornada, frente ao Chipre. Regresso no dia 6, mas só escrevo outra entrada depois do jogo frente à Noruega.
As grandes novidades da Convocatória são a Chamada de Sílvio e de Nuno André Coelho. Outro ponto a assinalar é a lesão de Ronaldo, que permitiu a Ricardo Quaresma regressar à Selecção depois de cerca de dois anos de ausência. A lesão de Silvestre Varela também deu oportunidade a Yannick Djaló de se juntar à turma das Quinas. Noutras circustâncias, analisar-se-iam com mais detalhe, mas a história do momento é outra.
Como consequência dos incidentes decorridos durante a visita da Autoridade Antidopagem ao Estágio de Preparação do Mundial 2010, na Covilhã, a Federação puniu Carlos Queiroz com um mês de suspensão e uma multa, cujo valor não me recordo agora. Por sua vez a Autoridade Antidopagem vai castigar o Seleccionador com uma suspensão de seis meses. Como resultado, Queiroz falhará, não só os jogos desta jornada, contra o Chipre e a Noruega, mas também falhará os da outra jornada: frente à Dinamarca, dia 8 de Outubro, e frente à Islândia, no dia 12 do mesmo mês. Mas os processos não ficam por aqui, já que parece que Armândio de Carvalho pretende também agir judicialmente contra o Professor a propósito de umas declarações que este último fez ao semanário Expresso.
Em suma, as coisas vão de mal a pior.
Em relação à sanção aplicada pela Autoridade Antidopagem, acho que é muito discutível considerar que o Professor tentou impedir o controlo anti-dopping, mas já falei disso na entrada anterior. Visto que, pelos vistos, a pena para estes casos vai de dois a quatro anos de suspensão, mas "atenuantes" foram consideradas e "só" o puniram com seis meses de suspensão. Inicialmente, pensei que podia ter sido pior, que "só" ia falhar quatro jogos, noutro ano se calhar falharia mais. Só que depois lembrei-me que esses quatro jogos correspondem a metade da fase de qualificação (!). Não que ache que a Selecção sofra muito com a ausência dele. O adjunto Agostinho Oliveira deve ter, certamente, um estilo de treino semelhante ao de Queiroz. Por outro lado, se o periodo de suspensão fosse de dois a quatro anos, a questão da continuidade ou não de Carlos Queiroz como Seleccionador Nacional estaria arrumada: o Professor saía, viesse o próximo. Com seis meses, não sei mesmo como é que a novela acaba, se é que algum dia irá acabar.
Pelo que vou percebendo das notícias, dos comentadores e das conversas de café, existe uma facção dentro da Federação que se quer livrar de Queiroz, sem ter de pagar a cláusula de rescisão, e outra facção que quer que ele continue. Só que ninguém está disposto a assumir abertamente a sua posição, a novela vai continuando e a credibilidade da Selecção vai descendo, encontrando-se, neste momento, nas ruas da amargura.
Entretanto, no meio de toda esta confusão, o Simão Sabrosa e o Paulo Ferreira anunciaram que não voltam a representar Portugal. Ambos alegam "motivos pessoais" e que é preciso dar o lugar a jogadores mais jovens. Estas renúncias provocam-me sempre uma certa nostalgia e tornam notória a passagem dos anos, mas, desta feita, há mais. Estas decisões podem ter já sido tomadas há algum tempo, acho que o Paulo já o comunicara ao Professor há umas semanas. Contudo, nestas circunstâncias, não consigo evitar pensar nos marinheiros que pegam nos salva-vidas e saltam para o mar, abandonando o navio que se afunda sem sequer tentarem repará-lo.
Já que comecei com esta metáfora do navio, devo dizer que o Presidente da Federação parece um daqueles violinistas do Titanic, que continuavam a tocar apesar de o navio se estar a afundar. Por amor de Deus, como é que ele pode dizer que esta situação não vai afectar a equipa?!?!?!? Nem eu sou assim tão ingénua...
O que aconteceu à Selecção? Como é que chegámos a isto? Ainda há poucos anos estávamos tão bem, éramos uma das melhores Selecções do Mundo inteiro, as pessoas penduravam bandeiras às janelas, seguiam e apaparicavam a Selecção onde quer que esta estagiasse, os marmanjos eram a única razão que tínhamos para nos orgulharmos de ser portugueses... Não há tanto tempo quanto isso eu sentia um vibrante entusiasmo sempre que se aproximava um jogo da Selecção, mesmo quando nos encontrávamos num trapézio sem rede. Agora, estamos a três ou quatro dias do início de uma fase de qualificação. Entusiasmo? Zero. Só vejo a Selecção cair aos bocados e ninguém a fazer nada. É pior, muito pior, do que sermos expulsos do Mundial ou do que falharmos a qualificação para o Europeu. Só tenho vontade de dar uns valentes abanões aos protagonistas da novela, sejam eles quem forem, técnicos, jogadores fugitivos, funcionários da Federação e de lhes gritar nos ouvidos:
- Por amor de Deus, façam alguma coisa!!! Tomem uma decisão!!! É da Selecção que estamos a falar, é vosso dever não deixá-la afundar-se ainda mais!!! - isto, talvez, com um ou outro palavrão no meio.
Se pudesse, se tivesse conhecimentos para tal, eu própria impediria a Selecção de se desmoronar, mesmo que tivesse de colar os cacos um a um. Só me resta passar os meus sentimentos para o QWERTY e rezar para que alguém com os poderes que eu não tenho os leia no meu blogue.
Noutras circunstâncias, analisaria os nossos próximos adversários, mas agora não estou para isso. Não sei quase nada sobre o Chipre nem sobre a Noruega, de qualquer forma. Nem sequer consigo sentir grande pena de não poder ver o jogo na Sexta-feira. A única coisa que acho que vou perder é o regresso do Quaresma. Nem sequer tenho uma opinião formada em relação às hipóteses de ganharmos - nas actuais circunstâncias tudo pode acontecer.
Por acaso, achei graça ao que Octávio Ribeiro escreveu na sua coluna do Record de hoje: "E, como historicamente somos perfeitos na arte do improviso, a dar ordem ao caos, tudo aponta para a obtenção de duas vitórias folgadas. Ao Chipre a Noruega já ganhámos!".
Rio-me para não chorar...
Ainda bem que amanhã abandono este triste país, se bem que apenas por uns dias. Pode ser que quando regresse já tudo isto esteja morto e enterrado. Contudo, também há duas ou três semanas esperava mais ou menos o mesmo e, até agora, está visto, não tenho tido grande sorte.
Devo dizer, "Polónia e Ucrânia" não tem a mesma sonoridade que "África do Sul" tem. Nem de longe, nem de perto. Sem ofensa para eventuais polacos e ucranianos que lerem isto.
Visto que na Quarta-feira vou passar férias no estrangeiro, não terei oportunidade de ver o primeiro jogo da jornada, frente ao Chipre. Regresso no dia 6, mas só escrevo outra entrada depois do jogo frente à Noruega.
As grandes novidades da Convocatória são a Chamada de Sílvio e de Nuno André Coelho. Outro ponto a assinalar é a lesão de Ronaldo, que permitiu a Ricardo Quaresma regressar à Selecção depois de cerca de dois anos de ausência. A lesão de Silvestre Varela também deu oportunidade a Yannick Djaló de se juntar à turma das Quinas. Noutras circustâncias, analisar-se-iam com mais detalhe, mas a história do momento é outra.
Como consequência dos incidentes decorridos durante a visita da Autoridade Antidopagem ao Estágio de Preparação do Mundial 2010, na Covilhã, a Federação puniu Carlos Queiroz com um mês de suspensão e uma multa, cujo valor não me recordo agora. Por sua vez a Autoridade Antidopagem vai castigar o Seleccionador com uma suspensão de seis meses. Como resultado, Queiroz falhará, não só os jogos desta jornada, contra o Chipre e a Noruega, mas também falhará os da outra jornada: frente à Dinamarca, dia 8 de Outubro, e frente à Islândia, no dia 12 do mesmo mês. Mas os processos não ficam por aqui, já que parece que Armândio de Carvalho pretende também agir judicialmente contra o Professor a propósito de umas declarações que este último fez ao semanário Expresso.
Em suma, as coisas vão de mal a pior.
Em relação à sanção aplicada pela Autoridade Antidopagem, acho que é muito discutível considerar que o Professor tentou impedir o controlo anti-dopping, mas já falei disso na entrada anterior. Visto que, pelos vistos, a pena para estes casos vai de dois a quatro anos de suspensão, mas "atenuantes" foram consideradas e "só" o puniram com seis meses de suspensão. Inicialmente, pensei que podia ter sido pior, que "só" ia falhar quatro jogos, noutro ano se calhar falharia mais. Só que depois lembrei-me que esses quatro jogos correspondem a metade da fase de qualificação (!). Não que ache que a Selecção sofra muito com a ausência dele. O adjunto Agostinho Oliveira deve ter, certamente, um estilo de treino semelhante ao de Queiroz. Por outro lado, se o periodo de suspensão fosse de dois a quatro anos, a questão da continuidade ou não de Carlos Queiroz como Seleccionador Nacional estaria arrumada: o Professor saía, viesse o próximo. Com seis meses, não sei mesmo como é que a novela acaba, se é que algum dia irá acabar.
Pelo que vou percebendo das notícias, dos comentadores e das conversas de café, existe uma facção dentro da Federação que se quer livrar de Queiroz, sem ter de pagar a cláusula de rescisão, e outra facção que quer que ele continue. Só que ninguém está disposto a assumir abertamente a sua posição, a novela vai continuando e a credibilidade da Selecção vai descendo, encontrando-se, neste momento, nas ruas da amargura.
Entretanto, no meio de toda esta confusão, o Simão Sabrosa e o Paulo Ferreira anunciaram que não voltam a representar Portugal. Ambos alegam "motivos pessoais" e que é preciso dar o lugar a jogadores mais jovens. Estas renúncias provocam-me sempre uma certa nostalgia e tornam notória a passagem dos anos, mas, desta feita, há mais. Estas decisões podem ter já sido tomadas há algum tempo, acho que o Paulo já o comunicara ao Professor há umas semanas. Contudo, nestas circunstâncias, não consigo evitar pensar nos marinheiros que pegam nos salva-vidas e saltam para o mar, abandonando o navio que se afunda sem sequer tentarem repará-lo.
Já que comecei com esta metáfora do navio, devo dizer que o Presidente da Federação parece um daqueles violinistas do Titanic, que continuavam a tocar apesar de o navio se estar a afundar. Por amor de Deus, como é que ele pode dizer que esta situação não vai afectar a equipa?!?!?!? Nem eu sou assim tão ingénua...
O que aconteceu à Selecção? Como é que chegámos a isto? Ainda há poucos anos estávamos tão bem, éramos uma das melhores Selecções do Mundo inteiro, as pessoas penduravam bandeiras às janelas, seguiam e apaparicavam a Selecção onde quer que esta estagiasse, os marmanjos eram a única razão que tínhamos para nos orgulharmos de ser portugueses... Não há tanto tempo quanto isso eu sentia um vibrante entusiasmo sempre que se aproximava um jogo da Selecção, mesmo quando nos encontrávamos num trapézio sem rede. Agora, estamos a três ou quatro dias do início de uma fase de qualificação. Entusiasmo? Zero. Só vejo a Selecção cair aos bocados e ninguém a fazer nada. É pior, muito pior, do que sermos expulsos do Mundial ou do que falharmos a qualificação para o Europeu. Só tenho vontade de dar uns valentes abanões aos protagonistas da novela, sejam eles quem forem, técnicos, jogadores fugitivos, funcionários da Federação e de lhes gritar nos ouvidos:
- Por amor de Deus, façam alguma coisa!!! Tomem uma decisão!!! É da Selecção que estamos a falar, é vosso dever não deixá-la afundar-se ainda mais!!! - isto, talvez, com um ou outro palavrão no meio.
Se pudesse, se tivesse conhecimentos para tal, eu própria impediria a Selecção de se desmoronar, mesmo que tivesse de colar os cacos um a um. Só me resta passar os meus sentimentos para o QWERTY e rezar para que alguém com os poderes que eu não tenho os leia no meu blogue.
Noutras circunstâncias, analisaria os nossos próximos adversários, mas agora não estou para isso. Não sei quase nada sobre o Chipre nem sobre a Noruega, de qualquer forma. Nem sequer consigo sentir grande pena de não poder ver o jogo na Sexta-feira. A única coisa que acho que vou perder é o regresso do Quaresma. Nem sequer tenho uma opinião formada em relação às hipóteses de ganharmos - nas actuais circunstâncias tudo pode acontecer.
Por acaso, achei graça ao que Octávio Ribeiro escreveu na sua coluna do Record de hoje: "E, como historicamente somos perfeitos na arte do improviso, a dar ordem ao caos, tudo aponta para a obtenção de duas vitórias folgadas. Ao Chipre a Noruega já ganhámos!".
Rio-me para não chorar...
Ainda bem que amanhã abandono este triste país, se bem que apenas por uns dias. Pode ser que quando regresse já tudo isto esteja morto e enterrado. Contudo, também há duas ou três semanas esperava mais ou menos o mesmo e, até agora, está visto, não tenho tido grande sorte.