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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

O último passo

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Na passada quinta-feira, dia 8 de outubro, a Seleção Portugues de Futebol venceu a sua congénere dinamarquesa, uma vez mais por uma boa sem resposta, em jogo a contar para a Qualificação para o Campeonato Europeu da modalidade. Esta vitória garantiu a Portugal o Apuramento direto para o Euro 2016 - o primeiro Apuramento direto desde 2007 e o primeiro Apuramento prematuro desde 2005. Dois dias mais tarde, a Seleção Portuguesa deslocou-se a Belgrado para defrontar a sua congénere sérvia, em jogo também a contar para a Qualificação, mas cujo propósito essencial foi cumprir calendário. Tal jogo terminou com uma vitória para a equipa visitante por duas bolas a uma.

 

Não vou falar muito dos jogos em si porque muitos aspetos, por esta altura, são repetições de outros jogos neste último ano. Começando pelo desafio contra a Dinamarca, Portugal esteve sempre muito pragmático, defendendo bem, arriscando só o essencial para, eventualmente, marcar um golo. Isto não é mau, funciona, garantiu-nos a Qualificação. Mas é aborrecido. Durante a primeira parte, os dinamarqueses estacionaram o autocarro em frente à sua baliza - como se o empate fosse um bom resultado para eles - de tal forma que o único remate de verdadeiro perigo que tivemos ocorreu aos trinta e oito minutos, quando Nani atirou à barra.

 

Na segunda parte, os dinamarqueses reentraram mais fortes no jogo, culminando numa bola enviada ao poste por Bendtner (esse tipo...), mas abriram as suas linhas e, ao fim de alguns minutos, Portugal estava de novo por cima. Fomos capazes de arriscar alguns remates - como o costume, falhámos algumas oportunidades flagrantes. Finalmente, João Moutinho - que se tornaria o herói desta dupla jornada - recebeu um passe infeliz de um dinamarquês, afastou dois adversários do caminho com um par de toques de classe e rematou certeiro para as redes.

 

É um pormenor engraçado que, perante uma equipa nórdica, de jogadores muito altos, tenha sido um "baixinho" a marcar.

 

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Este golo resolveu o jogo em termos práticos. Portugal não voltou a perder o domínio do jogo. Só nos últimos dez minutos é que os dinamarqueses tentaram mais a sua sorte, mas Rui Patrício - outro dos destaques desta dupla jornada - estava atento. No fim, conseguimos o ponto que nos faltava para a Qualificação, mais dois extra. Há um ano demos o primeiro passo para o Apuramento frente à Dinamarca. Este ano demos o último também frente à Dinamarca.

 

João Moutinho foi também herói no jogo com a Sérva, apesar de só ter entrado a meio da segunda parte. Só acompanhei a primeira parte desse jogo via rádio e nem consegui prestar muita atenção. Por uma vez, não tivemos de esperar muito tempo pelo golo. Nem cinco minutos. Nani marcou na recarga de um remate de Danny à figura do guarda-redes, depois de o jogador do Zenit ter deixado dois sérvios pelo caminho. 

 

Fiquei muito satisfeita por, depois de um ano meio apagado na Seleção, Nani ter voltado a marcar com a Camisola das Quinas. Ele sempre foi um dos meus favoritos, mas até eu começava a questionar a sua constante titularidade pela Seleção. Dá gosto estar errada nesse aspeto. Que não tenha sido uma vez sem exemplo, contudo!

 

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Se, ao que consta, durante a primeira parte Portugal conseguiu aguentar-se em bloco baixo, na segunda parte a pressão sérvia começou a fazer estragos na defesa portuguesa. Uma série de remates falhados e um golo anulado por fora-de-jogo deixaram claro que o golo sérvio não tardaria. E aos 66 minutos o barro, finalmente, colou.

 

Aí Fernando Santos percebeu que, daquela forma, não se ia a lado nenhum. Meteu o herói do jogo anterior, Moutinho Este deu uma de Ricardo Quaresma e, menos de dez minutos após a sua entrada, desbloqueou o nosso jogo com um golo espetacular.

 

E ainda dizem que a Seleção é Ronaldo-mais-dez... Nesta jornada dupla fomos mais Moutinho-mais-dez! Bem, não, que o Rui Patrício também nos livrou de uma série de golos sofridos.

 

O jogo ficou, ainda, marcado por uns momentos menos bonitos por parte dos sérvios, por acharem que Eliseu faz falta na jogada que culmina no golo (são capazes de ter razão...). Matic chegou mesmo a ser expulso. Não sei se justificava tanta agressividade num encontro em que tão pouco estava em jogo - sobretudo para os sérvios.

 

Em todo o caso, conseguimos aguentar a vitória naquele que foi o nosso último jogo da Qualificação para o Euro 2016. Foi a nossa sétima vitória seguida em jogos oficiais - um feito inédito no futebol português.

 

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Podem dizer o que quiserem, por esta altura. Podem dizer que, afinal, o Apuramento foi fácil, que era um grupo simpático, que o próprio esquema da Qualificação diminuiu a dificuldade, que não jogámos assim tão bem, que tivemos sorte. No entanto, sete vitórias seguidas não se desprezam em nenhuma competição. Podemos ter sido felizes em certos momentos, mas ninguém ganha sete jogos seguidos apenas com sorte. Mesmo se excluirmos os critérios mais permissivos desta Qualificação, continuam a ser sete vitórias em oito jogos, uma taxa de 87,5% de vitórias, o nosso melhor resultado de sempre em Apuramentos!

 

 

 Não me venham dizer que isto foi apenas sorte.

 

Eu, pelo menos, não esperava uma Qualificação assim, quase imaculada, há pouco mais de um ano, quando esta começou - no rescaldo do desastroso Mundial 2014, e sobretudo depois do começo em falso com a Albânia. Nessa altura, eu só pedia que fizéssemos o melhor possível com aquilo que tivéssemos. Não me queixaria muito enquanto ganhássemos os jogos. E a verdade é que foi assim - de vitória à rasca em vitória à rasca, três pontos de cada vez, que conseguimos um Apuramento quase perfeito. À semelhança do que Paulo Bento fez em 2010, Fernando Santos recuperou a Seleção, ainda que de uma forma diferente, quase sem darmos por isso.

 

Já que refiro Paulo Bento, quero fazer um desabafo à parte. Alguns dos elogios a Fernando Santos - incluindo alguns verbalizados por Cristiano Ronaldo - têm sido interpretados como indiretas ao antigo Selecionador. Por um lado é normal, aconteceu o mesmo durante os primeiros anos do mandato de Paulo Bento em relação a Carlos Queiroz. Já na altura me senti culpada, quando o Professor não fez nem metade do que o seu sucessor fez pela Seleção e reagiu com muito menos dignidade à troca de Selecionadores. Em ambos os casos os selecionadores demissionários foram diabolizados pela opinião pública, mas as críticas que têm sido feitas a Paulo Bento há muito que deixaram de ser justas. As pessoas esqueceram-se depressa do Euro 2012. 

 

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Dito isto, eu concordei com a saída de Paulo Bento, apesar de ter ficado triste. Acho até que ele devia ter sido mais cedo, logo a seguir ao Mundial 2014. Começo a perceber, aliás, que isto faz parte. A partir de certa altura, todos os Selecionadores acusam o desgaste e, quando isso acontece, rescindir pode ser a única solução. Aconteceu com Scolari, aconteceu com Queiroz, aconteceu com Paulo Bento. Também vai acontecer com Fernando Santos daqui a um ano, dois, três ou cinco. E também nessa altura as pessoas se esquecerão de tudo o que Fernando Santos fez, incluindo este Apuramento, preferindo fazer dele o engenheiro vilão. Por isso, não se comovam demasiado com os elogios que andam a fazer a Fernando Santos. Um dia, serão esquecidos.

 

Espero que esse dia venha longe, de qualquer forma. Fechemos esse àparte.

 

Um dos aspetos mais elogiados à Seleção de Fernando Santos tem sido a sua preserverança e maturidade. Agora não precisamos de jogar sempre bem para ganharmos jogos e se, por acaso, nos vemos em situações desfavoráveis - como, por exemplo, em ambos os jogos com a Sérvia - não perdemos a calma e acabamos por dar a volta à situação. Comparem isso com a parvoíce que reinou na Qualificação para o Mundial 2014 - se tivéssemos sabido jogar com mais sobriedade com a Irlanda do Norte, Israel (das duas vezes), talvez mesmo com a Rússia, teríamos poupado imensos anos de vida. E talvez tivéssemos evitado o massacre da Alemanha.

 

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Esta maturidade da Seleção Nacional é o que tem feito com que menos pessoas se riam de Fernando Santos quando ele diz que quer ser campeão europeu. Eu não quero ainda fazer prognósticos sobre o Europeu - não antes do sorteio, pelo menos - mas, tal como já fui dando a entender, no meu modesto ponto de vista, este pragmatismo será importante em jogos de grande calibre. Não acredito que seja suficiente - frente à França não o foi - mas definitivamente terá de ser um alicerce.

 

E poderá existir material para construirmos uma boa equipa para o Europeu. Temos uma nova geração de jogadores afirmando-se em diferentes clubes portugueses e internacionais e uns quantos veteranos, com óbvio destaque para Cristiano Ronaldo. 

 

Apesar de tudo, apesar de saber bem, por uma vez, termos evitado a calculadora, tenho uma certa pena de não termos playoffs, sobretudo quando as duas últimas edições foram tão emocionantes. Quem não se sente nem um bocadinho assim, que atire a primeira pedra. Também não me sinto particularmente entusiasmada com a perspetiva de oito meses sem jogos oficiais da Seleção. No entanto, os playoffs são sempre um risco. Se insistíssemos em brincar com o fogo em todos os Apuramentos, ainda nos queimávamos. 

 

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O que, neste momento, interessa é que estamos lá. Não falhamos uma fase final há quase dezoito anos, por muito que, por vezes, tentemos - tal como li no Twitter. Agora temos oito meses para nos prepararmos para o Europeu. Espero que a Federação não se demore a marcar e a anunciar uns quantos jogos particulares. Que sejam vários pois precisamos de treinar e... quero ter algo sobre que escrever aqui no blogue!

 

Enfim, mais um capítulo encerrado. A história a sério continua em maio.

Vai ser desta!

03.jpgNa próxima quinta-feira, dia 8 de outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol receberá a sua congénere dinamarquena no Estádio Municipal de Braga. Três dias depois, deslocar-se-á a Belgrado, na Sérvia, para defrontar a seleção local. Estes serão os últimos encontros da Equipa de Todos Nós na Qualificação para o Campeonato Europeu da modalidade, que se realizará no próximo verão, em França. Basta a Portugal amealhar um ponto para garantir um lugar no Euro 2016.

 

Fernando Santos divulgou os Convocados para esta última dupla jornada na última sexta-feira, sem surpresas de maior. Temos vários regressos, alguns dos quais após ausência prolongada, como Luís Neto e Rafa. As grandes novidades são as estreias de Ventura, guarda-redes do Belenenses, e Nélson Semedo, do Benfica. Destacaria também a Chamada de André André, que tem atravessado um momento muito bom no F.C. Porto. Tenho, contudo, uma certa pena que Gonçalo Guedes e Rúben Neves tenham falhado esta Convocatória - suponho que ainda sejam novinhos para estas andanças.

 

Mais do que tudo, sinto-me satisfeita por os três clubes grandes terem contribuído de forma equitativa para esta Convocatória e ainda sobrarem jogadores selecionáveis em cada um deles. Há uns quatro ou cinco anos, isso dificilmente aconteceria.

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Visto que os últimos jogos decorreram há relativamente pouco tempo, ainda nos recordamos bem do ponto da situação. Conhecemos muito bem o adversário do primeiro jogo - tal como referi há um ano, tem sido o adversário que mais vezes temos enfrentado nos últimos anos, sempre em jogos complicados, de uma maneira ou de outra. Nesse aspeto, o jogo de quinta-feira será, provavelmente, aquele que abordaremos com maior tranquilidade desde 2007.

 

E daí talvez não. Os dinamarqueses têm muito mais a perder do que nós neste jogo: será o último deles na Qualificação e estão numa posição menos favorável para garantir o Apuramento direto. Precisam de ganhar. E, apesar de estarem pior agora que há uns anos, têm um historial de, como eu gosto de dizer, nos complicar a vida à grande e à dinamarquesa - nomeadamente há quatro anos, em que estávamos a um ponto do Apuramento direto e deixámo-lo escapar.

 

Fernando Santos parece ter noção disso. "Nós só temos um objetivo em cada jogo, que é vencer. É com esse objetivo que vamos e, se alcançarmos esse resultado, garantimos o Apuramento (...). Para a Dinamarca é uma final, porque é o seu último jogo, mas nós temos de pensar como se fosse também o nosso último jogo." Não adiar as coisas para o jogo com a Sérvia.

 

Não que ache que os sérvios nos vão dar grandes problemas - não mais do que os dinamarqueses, pelo menos. Os sérvios estão fora da corrida no que toca ao Apuramento, com apenas um ponto. Por um lado, não se devem esforçar por aí além. Por outro lado, não terão nada a perder. Equipas assim podem ser perigosas, sobretudo quando a outra parte está mais pressionada. Adiar a decisão para domingo - ainda por cima um jogo fora - pode ser arriscado. 

 

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Eu preferia mesmo resolver tudo quinta-feira. Para começar, será um jogo em casa e já está esgotado (sou capaz de apostar que foi graças à campanha de marketing que a Federação começou logo a seguir ao jogo com a Albânia). As trinta mil pessoas que irão assistir ao jogo, que pagaram bilhete, merecem festejar o Apuramento com a Seleção, tal como aconteceu comigo há dez anos, aquando de um jogo com o Liechenstein.

 

Depois, existem razões mais poéticas. Foi com a Dinamarca que recuperámos a esperança depois de um mau arranque do Apuramento, que começámos a série de vitórias que nos colocou onde estamos hoje. Seria perfeito selarmos a Qualificação frente ao mesmo adversário. Além de que, na quinta-feira, completar-se-ão cinco anos desde um outro jogo com a Dinamarca muito especial para mim: o primeiro de Paulo Bento como treinador, uma das noites mais felizes da Seleção de que me recordo. Seria perfeito se, cinco anos depois, voltássemos a ter uma noite feliz - por nos Qualificarmos antes da altura habitual pela primeira vez em dez anos (não conto a Qualificação para o Euro 2008, pois esta não teve playoffs). 

 

Conforme já tinha escrito antes, estou muito confiante num Apuramento direto, mais confiante do que costumo estar no que toca à Seleção. Acho que vai ser desta que escapamos à inevitabilidade dos playoffs. Ando ansiosa por esse último passo - uma parte de mim quer já pensar na preparação para o Euro 2016, nos eventuais particulares em novembro. Mesmo assim, não me atrevo a pensar nisso antes de a Qualificação estar matematicamente garantida.

 

 

Antes de terminar, quero só avisar que, visto só termos dois dias de intervalo entre os dois próximos jogos - e, se tudo correr bem na quinta-feira, o segundo só servirá para cumprir calendário - é possível que condense a análise aos dois jogos numa única entrada. Logo se vê. O que espero é que, quando voltar a escrever neste blogue, serja para celebrar o nosso primeiro Apuramento direto desde 2007.

Albânia 0 Portugal 1 - A um ponto

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Na passada segunda-feira, dia 7 de setembro, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere albanesa por uma bola a zero, em Elbasan, em jogo a contar para a Qualificação para o Campeonato Europeu da modalidade, que terá lugar em França, no próximo verão. Miguel Veloso foi o autor do único golo do encontro. Este resultado, aliado ao empate entre a Dinamarca e a Arménia, faz com que a Seleção Portuguesa precise, apenas, de ganhar mais um ponto para garantir presença no Europeu.

 

Portugal jogou bem melhor que contra a França. Na sexta-feira, o nosso primeiro remate havia ocorrido à volta do minuto quarenta, e aquando de uma bola parada. Na segunda, ocorreu ao minuto onze. Durante praticamente toda a primeira parte, Portugal dominou. Um dos melhores foi Bernardo Silva, estrela do Europeu de sub-21 que, pelos vistos, também se desenrasca entre graúdos. Sem haver brilhantismo por parte de Portugal, houve intensidade. Mesmo assim, de uma maneira típica que não se torna menos caricata com os anos, acertar com a bola nas redes continua a ser uma tarefa hercúlea, aparentemente... Nem sequer faltou a bola ao poste - ainda que, desta feita, tenha sido em fora-de-jogo. 

 

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Na segunda parte, mais ou menos a partir dos quinze minutos, os portugueses acabaram por ceder o domínio à Albânia e eu comecei a ficar nervosa. Essa superioridade albanesa culminou com uma bola ao poste, em que Rui Patrício, enganado pela trajetória, demorou a reagir.

 

Se daqui a quinze ou vinte anos eu tiver problemas de coração, já sabem o motivo.

 

Apesar de tudo, uma parte de mim, quase inconsciente, nunca duvidou que ganhariamos. Não me atrevia a dizê-lo em voz alta, ou a escrevê-lo no Twitter, mas acreditava. Antes de se provar que eu tinha razão, contudo, ainda houve tempo para um momento caricato: o chapéu de Eliseu, que falhou a baliza albanesa por cerca de mei metro. Eu ri-me para não chorar. 

 

Não tendo sido, portanto, uma surpresa, foi um alívio quando, no último minuto do jogo, Ricardo Quaresma (quem mais?) executou um pontapé de canto para o meio da pequena área e Miguel Veloso cabeceu para as redes.

 

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Dá sempre gozo quando se apoia um jogador contra a opinião geral e este retribui o afeto resolvendo um jogo. Aconteceu durante muito tempo comigo e com o Hélder Postiga (nunca esquecer o meu grito de "ESTA É P'RA MIM! ESTA É P'RA MIM!...). Por essa lógica, ainda que eu também tivesse defendido o regresso do Miguel, este golo e esta vitória pertecem verdadeiramente à Bárbara, a mais leal adepta do herói de Elbasan. O Miguel provou que Fernando Santos pode contar com ele - baralhando, no bom sentido, as contas ao Selecionador, que, nos próximos tempos, poderá escolher entre Veloso, William Carvalho e Tiago. Se o mesmo acontecesse com todas as posições...

 

Acabou por ser um jogo muito típico da era Fernando Santos: muita paciência, uma exibição que, não sendo má, esteve longe de brilhante, Quaresma entrando a meio da segunda parte e, de uma forma ou de outra, desbloqueando; o golo nos últimos minutos do jogo. Este encontro pareceu-se particularmente com o jogo contra a Dinamarca, no ano passado, que por sinal também se seguiu a uma derrota com a França. Também me fez recordar o jogo com a Albânia de 2009, também resolvido no último minuto. Chega a ser caricato.

 

No entanto, a verdade é que foi com jogos assim - com vitórias resvés Campo de Ourique, como diz a minha mãe - que chegámos a esta posição: a um ponto do Apuramento, com duas tentativas para ganhá-lo. Contra a Dinamarca, em Braga, e contra a Sérvia, fora. E mesmo assim, segundo um artigo de António Tadeia, existem ainda uma série de cenários em que Portugal conseguiria passar diretamente, como melhor terceiro classificado. 

 

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Por princípio, não gosto de alinhar em contas como essas. Lembro-me perfeitamente de haver uma conversa parecida há quatro anos, aquando do Apuramento do Euro 2012. Também nos faltava um ponto, embora só tivéssemos um jogo para ganhá-lo. Por acaso, contra a Dinamarca de novo. Dizia-se que, mesmo assim, poderíamos passar com uma derrota desde que a Suécia perdesse contra a Holanda. Se já antes desse jogo ficava irritada com essas contas, ainda mais irritada fiquei depois de perdermos, de a Suécia ter ganho à Holanda e de sermos relegados para os playoffs.

 

No entanto, desta vez, tenho quase a certeza de que nos vamos Apurar. Atrevo-me a dizer que, depois de todos estes anos, eu conheço a Seleção. Se,por algum motivo perdermos contra a Dinamarca (desde si improvável, pois eles não andam a jogar grande coisa - empataram com a Arménia!), os portugas ganharão vergonha na cara e não deixarão que o mesmo aconteça na Sérvia. Eu nem sequer me lembro de alguma vez termos perdido dois jogos oficiais seguidos nos últimos anos. A única ocasião que me recordo deu-se no Mundial 2006, em que, depois de perdermos as meias-finais, perdemos o terceiro lugar para a Alemanha - e, de qualquer forma, esse jogo pouco mais vale que um particular.

 

Esqueçam, não vai acontecer. Só se se der alguma epidemia de lesões e parvoíce, estilo Mundial 2014. EE, mesmo nessas circunstâncias, ainda fomos capazes de pontuar frente aos Estados Unidos e ao Gana. Mais depressa apanhamos o Ricardo Araújo Pereira a falar a sério.

 

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Nada disto apaga o nível mediano das exibições nesta Qualificação, que será claramente insuficiente para voos altos no Euro 2016. Mal o Apuramento fique arrumado, esse será o primeiro problema a resolver. Mas também nesse aspeto a situação atual é vantajosa, pois, caso ganhemos ou empatemos com a Dinamarca, teremos logo o jogo com a Sérvia para fazer experiências. Mesmo que só ganhemos o ponto que falta frente à Sérvia, talvez tenhamos um ou dois particulares em novembro. Em suma, se porventura as coisas correrem mal em França, não será por falta de tempo e oportunidades para preparar o Europeu. 

 

Sabe bem estarmos nesta situação, em que temos de fazer contas para não passarmos, em vez do oposto. Como diziam os comentários ao tal texto de António Tadeia, uma espécie de calculadora invertida. Podemos dizer o que quisermos do brilhantismo (ou falta dele) do futebol da Seleção, mas a verdade é qque, neste último ano, temos feito tudo bem e tudo indica que continuaremos a fazê-lo até ao fim. Por agora, vamos contando os dias que faltam para o jogo com a Dinamarca. 

Um rendez-vous e uma desforra

03.jpgNa próxima sexta-feira, dia 4 de setembro, a Seleção Portuguesa de futebol receberá, no Estádio de Alvalade, a sua congénere francesa, em jogo de carácter particular... e eu estarei lá! Três dias mais tarde, a Seleção deslocar-se-á a  Elbasan, na Albânia, para defrontar a seleção da cada, em jogo a contar para o Campeonato Europeu da modalidade, que terá lugar no próximo verão, em França.

 

Nos Convocados para esta dupla jornada, as maiores novidades dizem respeito ao regresso de Miguel Veloso - ausente desde o Mundial 2014 - e Raphael Guerreiro - ausente desde o seu inesquecível golo frente à Argentina - e às ausências de Fábio Coentrão, Tiago (aquele vermelho parvo frente à Arménia, só para não termos um jogo tranquilo...), William Carvalho e, agora, João Moutinho - o primeiro por falta de ritmo, o segundo por castigo e os últimos dois por lesão.

 

Os regressos deixam-me muito satisfeita. Já tinha saudades do Miguel Veloso e ele já vinha há algum tempo a merecer este regresso. No entanto, também compreendo a posição de Fernando Santos: quando se tem William Carvalho e Tiago à disposição, é difícil arranjar espaço para outros. 

 

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Para além disto, andei desde novembro do ano passado à espera do regresso do Raphael Guerreiro, o menino-herói de Old Trafford. Com Coentrão sem jogar (espero que encontre espaço no Mónaco), talvez Raphael tenha tempo em campo, nem que seja apenas frente à França. Por mim, ele seria titular, mas acho que Fernando Santos apostará primeiro em Eliseu - e, depois do jogo com a Itália, tão cedo não o censuro por isso. 

 

Passemos aos jogos, começando pelo mais importante: dia 7, frente à Albânia. Conforme se devem recordar, a Albânia foi o nosso primeiro adversário nesta Qualificação e derrotou-nos em casa por uma bola a zero - derrota essa que levou à rescisão de Paulo Bento, o Selecionador da altura. Aquando desse jogo, considerei que Portugal perdeu por incompetência própria. Continuo a achar, mas também me interrogo se não houve mérito dos albaneses, pelo percurso que fizeram desde esse jogo - empataram com a Dinamarca (não vou considerar o jogo com a Sérvia), ganharam à Arménia, ganharam à França, encontrando-se neste momento em terceiro lugar no grupo, com dez pontos (os mesmos que a Dinamarca, apenas menos dois que Portugal, isto com um jogo a menos). Às tantas, foi a vitória perante uma equipa como Portugal que os catalisou para o resto da Qualificação. Por outras palavras, fomos nós a criar este "monstro".

 

Sinceramente, acho que este será o jogo mais difícil daqueles que nos faltam na Qualificação. Vamos jogar fora, apenas dois dias após um particular, frente a uma equipa muito motivada. Felizmente vamos com margem de erro. No entanto, apesar daquilo que escrevi no parágrafo anterior, não deixamos de ser a equipa mais forte. A Seleção de há um ano vinha de um Mundial traumatizante, estava desfalcada de Cristiano Ronaldo, estava a ser orientada por um treinador desgastado. Hoje temos um Selecionador diferente, uma equipa melhor fornecida e num muito melhor momento - afinal, vimos de quatro vitórias oficiais consecutivas. Temos todas as condições para obtermos uma desforra sobre o jogo de há um ano.

 

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Dito isto, mesmo que lhes ganhemos, espero que os albaneses consigam Qualificar-se, se possível diretamente. Por tudo o que fizeram até agora, ganharam o meu respeito. E, claro, é muito melhor perder na Qualificação contra uma equipa que, de facto, se Apure. Se não se Apura, a vergonha é ainda maior.

 

Antes desse jogo, de qualquer forma, há rendez-vous em Alvalade e eu vou comparecer! Eu, o meu irmão, a minha irmã e dois amigos desta. Como eles já conhecem a minha irmã, que nestas coisas é muito parecida comigo, em princípio, não devo preocupar-me com exuberâncias a mais durante o jogo... De início, os meus irmãos não estavam muito entusiasmados por ser, apenas, um particular. Eu, porém, quis agarrar a oportunidade rara de ver um jogo contra uma grande seleção - sobretudo quando os adversários do próximo Apuramento são tão desinteressantes... Será apenas a segunda seleção das grandes que verei jogar ao vivo - a primeira foi Espanha, no Euro 2004, por sinal no mesmo Estádio.

 

Toda a gente conhece o nosso historial com a França: já lá vão quarenta anos sem vitórias (mais pormenores aqui). Sendo o próximo jogo um particular, dificilmente seria prioridade, mesmo se não tivéssemos um jogo tão importante daí a dois dias. Como tal, não conto com uma vitória na sexta. No entanto, se bem se recordarem, disse o mesmo em relação aos particulares, com a Argentina e com a Itália. Não seria, de qualquer forma, a primeira maldição que quebrávamos neste último ano. Nunca se sabe...

 

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Por outro lado, não sei se isso conta para alguma coisa, mas da última (e única) vez que fui a um jogo com uma grande seleção, vínhamos igualmente de um longo período sem lhes ganhar em jogos oficiais. E, depois dessa ocasião, não tornámos a ganhar-lhes em jogos oficiais. É certo que eu sou um amuleto duvidoso pois, durante muito tempo, não consegui ir a jogos em Alvalade que não terminassem com empates 1-1 (isto incluiu dois jogos da Seleção e aqueles empates em casa do Sporting, na época passada). Mas um empate a uma bola frente à França não seria, de todo, um mau resultado.

Se não der para ganhar à França, então só peço um bom espetáculo de futebol, de preferência com muitos golos portugueses.

 

Não tenho muito mais a dizer sobre esta dupla jornada. Já se sabe, os pré-jogos não me dão muito por onde pegar, sobretudo durante períodos tranquilos, como o atual. O verdadeiro interesse reside nos jogos em si. As coisas estão a correr bem e é provável que assim se mantenham - terá de acontecer uma catástrofe para não nos Qualificarmos diretamente. Por este caminho, estaremos muito em breve a fazer planos para o Euro 2016 - mais cedo do que o costume.

Oásis de sanidade

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No próximo dia 13 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol deslocar-se-à à Ierevan, na Arménia, para defrontar a sua congénere local, em jogo a contar para a Qualificação para o Campeonato Europeu da modalidade, que terá lugar em França, daqui a um ano. Três dias mais tarde, a Seleção Portuguesa defrontará a sua congénere italiana, em Genebra, na Suíça, em jogo de carácter amigável.

 

Nesta altura do campeonato, não há muito de novo a dizer, começando pelos Convocados. Temos um bom equilíbrio entre habituais e estreantes - Pizzi já merecia ser Chamado há muito, bem como outros como Danilo, Daniel Carriço e André André. A renovação vai decorrendo a um ritmo saudável. Penso que a única surpresa é a Vinda de Silvestre Varela, que teve uma época estranha. Mas não me queixo. Pela parte que me toca, o eterno Salvador da Pátria, o responsável pelo golo que me fez gritar como uma maluca, será sempre bem-vindo à Seleção. A única coisa que tenho a apontar é não terem Convocado Miguel Veloso, que fez uma boa época no seu clube.

 

Na semana que termina agora, a Operação Arménia ocorreu em moldes informais, com treinos apenas de manhã e os jogadores dispondo do resto do dia para si mesmos - um pouco à semelhança do que acontece nos clubes. Os Marmanjos têm o sábado de folga e depois, no domingo, reunir-se-ão e viajarão para a Geórgia, ficando instalados a meia hora do local do jogo. Na segunda-feira começa o trabalho a sério. Na verdade, estamos a viver uns dias muito agitados no que toca ao futebol português e internacioal. Não é de admirar que a Seleção fique um pouco em segundo plano. Noutras circunstâncias queixar-me-ia disso, lamentaria o facto de o escândalo da FIFA, a dança dos treinadores do Benfica e do Sporting, terem coincidido com a Operação Arménia. No entanto, eu fico grata por, enquanto isto ocorre, termos a Seleção, num momento estável ainda por cima. No meio de tanta confusão, de tantos acontecimentos inacreditáveis no mundo do desporto, a Equipa de Todos Nós tem representado um oásis de sanidade por estes dias. Espero que se mantenha assim, que esta dupla jornada corra bem.

 

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Passemos, desde já, à análise história dos próximos jogos. O nosso historial com a Arménia é escasso, mas sempre que jogámos por lá empatámos. Uma dessas vezes foi durante o Apuramento para o Mundial 98 e, segundo o que ouvi dizer esta semana, os pontos perdidos com esse empate custaram a Qualificação - a última que falhámos. Nos jogos em casa até ganhamos, mas nunca de forma brilhante. O jogo mais recente, em novembro último, foi um bom exemplo disso: um jogo extremamente pastoso, que ganhámos apenas pela margem mínima (Quaresma ao resgate!). Em Ierevan, teremos a agravante de um clima seco, adverso para os nossos jogadores e de estarmos em fim de época (recordações do trauma do Mundial 2014...).

 

Mesmo assim, eu acredito numa vitória. Com Fernando Santos tenho notado uma Seleção mais madura (finalmente), que sem deslumbrar consegue os resultados. Por outro lado, ainda que em teoria o momento de forma dos jogadores não seja o ideal, na prática, quando a Turma das Quinas joga em final de época, nos anos ímpares, costuma ganhar os jogos oficiais, mesmo sem brilhar. Em 2009, ganhámos à Albânia (recordações do trauma de setembro...), ainda que resvés Campo de Ourique. Tanto em 2011 como em 2013 ganhámos a adversários diretos nas respetivas Qualificações (gratidão eterna a Hélder Postiga).

 

Dito isto, um eventual empate frente à Arménia não seria grave. Toda a gente sabe que, nos últimos anos, fomos capazes de ultrapassar situações piores e marcar presença nas respectivas fases finais. E nesta Qualificação o terceiro lugar dá acesso ao playoff e tudo. No entanto, não é prudente arriscar. Fernando Santos tem frisado que é do interesse da Federação garantir o Apuramento o mais cedo possível - o que serve igualmente de resposta àqueles que têm dado a entender que a prioridade devia ser a renovação. Além do mais, o sprint final deste Apuramento vai ser difícil: dois adversários diretos na última dupla jornada e, na dupla jornada anterior, França e (*arrepio de medo*) Albânia. Não convém ir para estes jogos com a corda ao pescoço. Felizmente, na Turma das Quinas, parecem ter noção disso.

 

Depois do jogo com Arménia, à semelhança do que aconteceu há dois anos, a Turma das Quinas disputará um particular em Genebra, na Suíça. O jogo esteve quase para se realizar no Qatar - em pleno verão, com temperaturas que podem chegar aos cinquenta graus. Provavelmente num estádio construído à custa das vidas de inúmeros operários, trabalhando em condições de quase escravatura. Felizmente, houve alguém com o bom senso de mudar de palco.

 

Como poderão  deduzir, estou à espera que tirem o Mundial 2022 do Qatar. Já se esteve mais longe, agora que o escândalo rebentou e Blatter se demitiu (reação).

 

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A Itália é um adversário com quem não temos um historial favorável. Um pouco como a França, se bem que com menos ressentimento da nossa parte. Curiosamente, dois dias após o particular, ccompletar-se-ão noventa anos desde o nosso primeiro jogo contra os italianos (um amigável que vencemos por 1-0). De facto, a maioria dos jogos disputados entre as duas seleções foram amigáveis. Infelizmente, não conseguimos ganhar-lhes desde 1976. Mesmo o último empate foi em 1992, na Taça dos Estados Unidos - pelo que eu percebi das pesquisas que fiz na Internet, esta Taça era um torneio que se realizou anualmente entre 92 e 2000 (excluindo os anos de Mundial) para aumentar a popularidade do futebol entre os americanos. Portugal e Itália participaram na primeira edição, juntamente com a República da Irlanda e, claro, os anfitriões americanos. O campeonato funcionou por pontos, como uma mini-liga. A nossa Seleção ficou em último lugar, com um único ponto, amealhado no já referido empate com a Itália - não admira que nunca tenha ouvido falar desta competição antes. Depois desse jogo, foram sempre derrotas. Lembro-me de ter visto as duas mais recentes - o jogo de estreia de Luiz Felipe Scolari como Selecionador e o jogo de preparação para o Euro 2008 - mas não me recordo de pormenores. 

 

Acho, portanto, irrealista esperar um resultado brilhante frente à Itália. Já consideraria um empate como aceitável. No entanto, a verdade é que esta Seleção já conseguiu ganhar à atual vice-campeã, Argentina, ainda que quase por sorte. Uma vitória não é de todo impossível.

 

Nestas últimas semanas, Fernando Santos tem andado a dizer que quer ganhar o Euro 2016, que é para isso que a Seleção tem estado a trabalhar desde o seu primeiro dia como Selecionador. Eu podia escrever uma entrada inteira só sobre essas declarações, mas esta não é a altura certa - ainda estamos a meio da Qualificação. No entanto, posso afirmar que podíamos ter menos hipóteses. Já não se pode dizer que tenhamos uma Seleção de Liga Europa e, sim, já de Liga dos Campeões - não digo que finalista da Liga dos Campeões, mas, vá lá, chegando aos quartos-de-final. Temos os tugas do Real Madrid. Temos João Moutinho, Ricardo Carvalho, e Bernardo Silva no Mónaco. Temos Tiago no Atlético de Madrid. Temos Quaresma, que até marcou dois golos aos alemães do Bayern de Munique (onde andava o Marmanjo quando mais precisávamos dele?). Temos ainda uma Seleção de Sub-21 recheada de jogadores titulares nos seus clubes, ou seja, o futuro parece promissor. Para não falar dos Sub-20, que estão a sair-se bem no Mundial (pelo menos é o que dizem! Jogos às 5 da manhã não dão com nada...). Por outro lado, no que toca ao grande objetivo, Fernando Santos está a conseguir cumprir aquilo que assumo que seja o primeiro passo: tornar difícil ganhar a Portugal. 

 

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Temos, portanto, motivos para algum otimismo a curto/médio prazo. No entanto, esse otimismo de nada servirá se não se traduzir em resultados. A prioridade é reservar um lugar em França o mais cedo possível - até porque tenho curiosidade em saber como é Apurarmo-nos diretamente. 

 

Termino com uma imagem de Ricardo Quaresma despindo-se de preconceitos aqui pelo estaminé... 

 

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